Há meses venho repetindo para mim mesma: escreva, coloque
tudo no papel, escreva que vai ajudar a passar... Mas não tinha conseguido
ainda “tempo”- físico, mental, emocional, interno... – para sentar e escrever.
E me perguntava também: passar o que? O que é que tem que passar? O que é que
essa história me causa? Parece que não conseguia nem mesmo nomear o que
sentia... Mas sabia que não era bom, que doía, e que vinha acompanhado de uma
angústia bem profunda.
Minha bebê, Maria Flor, está e esteve sempre, desde seu
nascimento (e antes!!), aqui conosco, linda (demais!!), saudável, alegre, um
bebê feliz e delicioso, e algumas pessoas mais próximas, percebendo minha mágoa
(??) e angústia me diziam, carinhosamente, para olhar para ela e pensar apenas
nisso, nesse presente MARAVILHOSO que eu tinha ganhado, na felicidade de estar
com ela. Nada mais deveria importar, não é mesmo? E, de verdade, eu nunca
imaginei ter uma bebê tão delícia! Tão linda, tão gostosa de viver! Como sou
eternamente grata por isso! E também me sinto parte disso, sinto que ela também
é assim, feliz, alegre, saudável, deliciosa por minha causa, pela mãe e pessoa
que sou quando estou com ela e por ela. Mas, não, isso não é só o que importa,
ou não é tudo... Por que pensar e escrever tudo isso? Não seria mais simples
viver sem a consciência de tudo isso? Talvez sim, como o fazem milhares de
mulheres. Mas há muitos anos eu escolhi o caminho da consciência em
contraposição ao da alienação. Desde então, percebo que este é um caminho sem
volta.. não é possível retornar à alienação...
Costumo dizer, talvez por ser psicóloga, talvez só por ser
gente mesmo, que há coisas que são da ordem do indizível: sente-se, vive-se,
mas não se diz porque não é dizível, as palavras não alcançam, são experiências
de um outro registro. E acredito que isso que eu tanto quero escrever é, em
grande parte, dessa ordem do indizível. Então, estou aqui, finalmente, tentando
dar conta da parte “dizível” de tudo isso, a partir daquela outra parte que
continua aqui dentro, e que aqui deve permanecer...
Essa história não começa em fevereiro de 2011, quando
descobri a gravidez da minha pequena. Não, não, ela começa muito antes, não sei
precisar quando. Talvez comece quando eu mesma nasci, em 1977, de um parto
“normal”, em que minha mãe e eu sofremos uma série de violências, embora até há
poucos meses eu não as nomeasse dessa forma: episiotomia de rotina, pressão na
barriga, fórceps alto, etc., etc., etc. É, deve começar lá, porque desde que me
lembro, sempre que pensei em parto, o que imaginava para mim era um parto
normal (era a única nomenclatura que eu conhecia), e ao mesmo tempo, sempre que
eu falava isso, minha mãe me dizia que não entendia como eu poderia querer
passar por tudo aquilo que ela passou, sendo hoje a cesariana tão acessível a
qualquer um que tenha convênio – assim pensava minha mãe, que só conhecia aquele “parto normal”. O estranho era
que por mais que ela me dissesse isso repetidas vezes e que eu percebesse o
quanto ela sofreu no meu nascimento, não fazia o menor sentido para mim
imaginar que o bebê que um dia eu teria deveria nascer por meio de uma
cirurgia. Sempre, sempre, sempre senti que o nascimento deveria ser algo
natural, que mulheres dão à luz bebês desde sempre, e que a cirurgia cesariana
serviria apenas se houvesse algum risco REAL para a mãe ou o bebê. Eu não tinha
conhecimento científico nenhum acerca de nada disso. Ainda não era psicóloga,
ainda não era educadora, nem trabalhava com gestantes. Apenas sentia e pensava
dessa forma. Assim como pensava que, uma vez que eu quisesse um parto normal,
assim o seria. Não parecia óbvio e natural? Parecia...
Ao longo da faculdade de psicologia, meus estudos apenas
corroboraram para este sentimento. Seria sempre melhor que o bebê pudesse
nascer a seu tempo, no momento em que estivesse pronto para viver o nascimento.
Winnicott, pediatra e psicanalista inglês cuja teoria norteia meu trabalho,
escreveu muito sobre o vínculo mãe-bebê, sobre a importância dessa relação para
o desenvolvimento da criança, para a constituição do ser, sobre o preparo
emocional que a mulher naturalmente vive durante a gestação – “se tudo corre
bem”, como ele costumava frisar... – para receber o bebê e dele cuidar,
“misturando-se” com ele para compreender e atender a suas necessidades no
início da vida “aqui fora”. E isso tudo sempre fez – e faz – muito sentido para
mim. A cirurgia continuava parecendo completamente não natural, um recurso
apenas quando realmente necessário. Pensava: meu bebê vai nascer quando quiser
e puder nascer...
A gravidez demorou um pouco mais para acontecer na minha
vida do que eu imaginava, assim como outras coisas que nunca imaginei
aconteceram. Vivi o término de um casamento que sempre imaginei interminável
(???), passei por uma transformação essencial na minha vida, em mim mesma,
derrubando tabus, revendo planos, prioridades, literalmente me encontrando em
mim, talvez pela primeira vez. A criança que nunca deu trabalho (nem quando
bebê!), a melhor aluna da turma (de quase todas as turmas...), a adolescente
não rebelde, a mulher com um casamento perfeito, tudo isso deixou de ter tanto
valor e passou a parecer muito artificial ou superficial. Por baixo disso, onde
estava eu? Bom, foi aí que comecei a me encontrar... E continuo procurando!
Rsrsrs...
Morar sozinha pela primeira vez, lidar sozinha com a casa,
as contas, o trabalho, as dívidas, os cuidados comigo e com meu espaço e com os
olhares surpresos e por vezes meio tortos da família e de algumas pessoas
próximas. O que será que aconteceu com ela? O que vai fazer da vida dela? Não
sabia bem a resposta, e embora pareça estranho, era também muito bom não saber
esta resposta pela primeira vez na vida, e poder traçar um caminho novo,
autêntico, com as minhas mãos.
Logo que fui morar sozinha, comprei minha cachorrinha!
Luna, minha “bebê cão”, há tantos anos desejada! Companheira, linda, fofa,
arteira. Sempre comigo, nessa nova “empreitada de vida”. Não poderia falar
desse processo de gestar a mim e a minha bebê sem falar da pequena “Luna
Maria”!
Encontrei meu amor. Nos encontramos. Nunca imaginei que
seria possível ficarmos juntos, nós dois já com tantas histórias e tanto
lastro, como seria possível? Com tantos julgamentos, acusações, preconceitos...
Mas a gente fez acontecer, a gente quis que acontecesse, e começamos a
construção de uma nova história, da nossa história, permeada de muitas
dificuldades, mas recheada de poesia, música, amor e paixão. De encontro de
almas. Meu “companheiro de vida” estava comigo, depois de muito tumulto, muita
angústia e sofrimento. Estávamos juntos e era pra valer... Mas será que cabia
um bebê, um filho nessa relação? Ele já tinha dois, um casal lindo, do
casamento anterior, e adotou a Luna comigo!! Teria mais um? Sempre me disse que
o que mais amava na vida, de tudo, de tudo, de tudo era ser pai. E que adoraria
ter muitos filhos se pudesse. Então, parecia que sim, cabia um bebê nas nossas
vidas...
E eu parecia pronta. Isso existe?? Provavelmente não, mas
me sentia assim. E deixei ou deixamos que acontecesse. E aconteceu. Muita gente
hoje me diz que foi na hora certa, ainda bem que não foi antes, etc., etc., e
entendo bem isso, embora não saiba também se existe uma hora certa. Mas que bom
que foi agora! Com certeza!
A descoberta foi do modo “clássico”: menstruação atrasada,
TPM que não passava, achei melhor verificar. Teste de farmácia: mega
positivo!!! Choro, riso, explosão de felicidade. Mas era melhor conferir, né?
As três horas mais longas da minha vida foram as de espera pelo resultado do
Beta HCG no hospital, no dia seguinte ao teste de farmácia. Nós dois juntos,
tentando fazer o tempo passar mais depressa, até que a confirmação veio:
estávamos gravidíssimos de 5 semanas! Esta também é uma experiência da ordem do
indizível: por mais que eu tente, palavras não vão expressar o que senti
naquele dia...
Neste período, estava iniciando um novo desafio
profissional: trabalhar com gestantes, em um grupo educativo, numa perspectiva
de empoderamento da mulher, facilitação do acesso à informação de qualidade,
valorização do parto humanizado, em suma, promoção dos direitos sexuais e
reprodutivos de mulheres gestantes. Até então, vinha trabalhando na mesma
organização com a promoção de direitos sexuais e reprodutivos de crianças e
adolescentes. Outras educadoras trabalhavam com as gestantes, mas eu sempre
desejei desenvolver este trabalho também. E em 2011 surgiu a oportunidade.
Agarrei, aprofundei os estudos que já vinha fazendo, e todas aquelas
informações e o contato com profissionais ligadas à humanização do parto, mais
a vivência concomitante da minha própria gravidez foram abrindo um novo mundo
para mim. Novo, mas não tão novo assim, porque na verdade, vinha ao encontro
dos meus valores éticos, do que entendo por direitos humanos, por direitos da
mulher, por saúde, cidadania... E vinha ao encontro de como eu sempre havia
imaginado que deveria ser um parto: antes de qualquer outra coisa, com respeito
à mulher e à criança, e ao tempo dessa dupla.
Eu já tinha uma médica ginecologista obstetra há alguns
anos. Gostava muito dela, sentia-me sempre muito bem acolhida, ouvida, tinha
minhas dúvidas esclarecidas. Ela tinha feito dois partos de uma amiga querida,
e embora tivessem sido duas cesáreas, eu sabia que ela também fazia “partos
normais”, pois já tinha conversado com outras pacientes na recepção e ela tinha
dito que fazia e que o meu “poderia ser normal sim, claro, se tudo corresse
bem”. Então, pra que trocar de médico? Se tudo corresse bem, eu teria meu parto
normal, como sempre achei que deveria ser... Precisava não engordar demais,
para evitar a diabetes gestacional e a pressão alta, e isso era uma grande
preocupação, pois já engravidei com 20Kg acima do meu peso ideal. Era uma
gestante obesa (isso dói!), e inchei muito (MUITO!!!) no último mês da gravidez. Cheguei a engordar
4 Kg em uma semana!! E tinha hipotireoidismo – na verdade, desde os 22 anos,
que controlei durante toda a gravidez com a G.O. e minha endocrinologista, com
exames mensais, e que esteve sempre equilibrado. Voltarei a este capítulo daqui
a pouco, ele é crucial nessa história toda...
Descrever tudo que se passa durante a gravidez é
impossível, até mesmo num livro, não é mesmo? Posso dizer que vivi intensamente
cada momento, curti elaborar o enxoval com minha mãe, ajudar a escolher cores,
tecidos, bordar. Escolher móveis e decorações com meu marido, que também curtiu
muito tudo comigo, e me dizia todos os dias o quanto eu estava linda grávida e
o quanto me amava e amava ter este bebê comigo. Vibrei ao saber que era uma
menina, a menina que sempre sonhei ter, embora, confesso, depois de estar
grávida, isso tinha diminuído muito de importância. Fosse menino ou menina, eu
estava e continuaria mega feliz.
Esperei ansiosamente a barriga crescer e aparecer!! Amava
aquela barriga com todas as minhas forças!! Adorava exibi-la, e fazia o
possível para isso, como quem diz: “olha como eu estou feliz!!”. Estava feliz,
tranquila, serena, sem ansiedade. Curtia minha bebê dentro de mim, aquela coisa
mágica de ter uma outra pessoa dentro de você, se formando a partir de você, e
mais, a partir de alguém que se ama muito. Mágico, sublime... indizível de
novo.
Não curti apenas as coisas “fru fru” da gestação, embora
seja confessa, amo decoração, amei viajar ao exterior com minha mãe para comprar
roupinhas e afins, amei ajudar a bordar o enxoval e criar todo o tema do
quartinho da minha pequena. Preparar o ninho, dar a ele a nossa cara e não a de
uma cena de quarto de revista, era sim muito importante pra mim. Mas não era só
isso... Lia muito, participei de alguns encontros para gestantes (deveria ter ido a muito mais), passei a
fazer parte de uma lista de e-mails de mulheres gestantes, tentantes e mães que
trocam milhares de informações sempre pela promoção de um parto humanizado,
pelo empoderamento da mulher, por uma maternidade plena e consciente. Entrei na
lista a convite da minha professora de yoga, um encontro mais que feliz na
minha vida. As aulas de yoga e a prática da yoga em casa eram um momento
sagrado, de encontro com minha bebê, com meu corpo, com outras gestantes e de
preparação para o parto. Sim, eu achava que estava me preparando para o parto
normal, se possível, natural, agora que já conhecia bem a diferença entre as
duas formas de parir. Fazia os exercícios, cuidava da minha respiração, pensava
na minha bebê. Achava que estava cuidando muito bem de tudo.
Minha gravidez foi muito celebrada, no melhor sentido que
esta palavra pode ter. Minha família , pais, irmão, cunhada, tios, amigos todos
viviam com muita alegria aquele momento, curtiam conosco a barriga, nossa
felicidade, nossas escolhas. A gravidez parecia um portal: era como se nossa
história, minha e do Zé, tivesse conseguido chegar a um ponto que fechava uma
era e iniciava outra, ainda mais intensa, mas também mais serena. A gravidez era resultado de um amor muito
vivido, muito intenso. E isso era visível e também celebrado. Celebrávamos nós,
celebrávamos todos.
Eu não tinha pressa. Aquela ansiedade do final da gestação
não chegou até mim. Curtia estar com a bebê ali dentro e esperar que ela
chegasse quando tivesse que chegar. As pessoas perguntavam e estranhavam minha
tranquilidade. Ela mexia super pouco, e isso às vezes me preocupava, mas com o
tempo fui entendendo que ela era assim mais quietinha, e que o que importava era
que estava bem, que nós duas estávamos bem. E eu curtia cada pulinho ou
revirada que eu sentia, e estava bom assim.
Eu já havia conversado sobre o parto com minha médica.
Sempre deixei muito claro para ela que minha vontade era o parto normal e que
não estava disposta a abrir mão disso por qualquer razão que não fosse muito
importante. Ela sempre me disse que não haveria porque não ser normal se tudo
continuasse como estava. Numa determinada consulta, eu disse que achava que ela
não nasceria antes das 40 semanas, que ela passaria um pouco – eu sentia isso
mesmo, muito – e ela me disse que tudo bem, poderíamos esperar até 41 semanas,
depois disso ela - a médica – teria um
infarto de nervoso! Mas eu não li esta fala como deveria, e fiquei tranquila.
Ela iria esperar...
Em outra consulta falei sobre episiotomia e analgesia.
Mais sinais aos quais não dei a devida importância: ela disse que sem episio
poderia ser pior, era muito raro a mulher que não tinha laceração (e eu já
sabia que a taxa era de apenas 15%...), e que a analgesia dependeria de mim,
mas que não era necessário sentir tanta dor. Sinais... Mas eu não li como
deveria ler...
Hoje, muito recentemente, entendi que eu fui um tanto
onipotente. Imaginei que “driblaria” qualquer tentativa da médica de me desviar
do meu objetivo. Só avisaria do trabalho de parto na fase ativa (tinha ido ao
encontro que falava das fases do parto e meu marido, que também participou,
estava de acordo, agora mais esclarecido e tranquilizado com as informações).
Iria ao hospital também apenas com o trabalho de parto já “engrenadíssimo”. Não
haveria o risco de ouvir que teria que fazer uma cesárea por falta de
dilatação, depois de ter esperado apenas 5 horas em TP. Na minha cabeça tudo
parecia se encaixar, e eu acreditava mesmo, de verdade, que eu conseguiria...
Trocar de equipe para quê? Eu confiava nela, muito. Em sua capacidade técnica,
em seu cuidado comigo. E meu marido também gostava muito dela. Estávamos nos
preparando para pagar a parte que o convênio não reembolsaria (sim, foi tudo
particular, com reembolso de parte dos custos), e estávamos bastante tranquilos.
Até que...
Minha DPP (Data Prevista para Parto) era 20 de outubro de
2011, quando completaria 40 semanas de gestação. No sábado anterior a esta
data, dia 15 de outubro, fui a minha consulta de pré natal com minha G.O, que
agora já eram semanais. E então veio a “notícia”: eu não poderia deixar passar
das 40 semanas, pois ela não associaria dois fatores de risco. Como assim dois
fatores de risco, perguntei? Não tenho diabetes, não tenho pré eclampsia, estou
bem (apesar que com muito peso), a bebê está bem. Quais são estes tais fatores
de risco??? Pós-datismo, ou seja,
passar de 40 semanas, e hipotireoidismo...
Lembra daquele capítulo? Pois é... o que para mim era apenas um quadro super
familiar, com o qual eu vivia há mais de 12 anos, e que controlei
religiosamente todos os meses durante a gestação, era o tal segundo fator de
risco. E, segundo minha médica, associar dois fatores de risco não era
indicado. A bebê teria que nascer até dia 20 de outubro, não havia outra
possibilidade. Eu não tinha nem sinal de trabalho de parto, não tinha perdido o
tampão, não tinha dilatação nem contração nenhuma. Mas minha bebê tinha que
nascer até dia 20 de outubro... essa era a sentença.
Questionei porque ela não tinha me dito isso antes e ela,
surpresa, me disse: “mas eu não te falei sobre isso? Mil desculpas Jaque, eu
realmente achei que havia te dito”. Eu insisti, lembrando que muito pelo
contrário, ela tinha me dito que poderíamos esperar até 41 semanas, e que eu me
lembrava exatamente disso por causa da “brincadeira” que ela tinha feito,
dizendo que se passasse de 41 ela mesma
teria um infarto. E ela novamente se desculpou. Na consulta mesmo já ligou para
o hospital para agendar uma sala de pré-parto e o centro cirúrgico, “só por
garantia”. E me disse que ainda poderíamos induzir, antes de acabar na
cirurgia.
Neste dia eu havia ido sozinha à consulta. O Zé estava
viajando muito a trabalho, e estava fora naquele sábado, não me lembro porque.
Mas eu estava bem e fui super bem à consulta. Até o final da gestação eu vinha
fazendo de tudo, mesmo contrariando a opinião de alguns que achavam que eu
deveria parar. Era a primeira consulta a que eu ia de taxi, porque finalmente
parei de dirigir. Enfim... Saí do consultório com uma carta de internação nas
mãos, tonta, triste, arrasada... Chorei, chorei, chorei... muito... Liguei para
o Zé, compartilhei com ele, e sei que ele também ficou triste, principalmente
por me amar muito e notar a minha tristeza. Contei para minha mãe também, que,
penso eu, pela primeira vez entendeu o quanto “poder parir” era importante para
mim, e o quanto eu estava desapontada, magoada, arrasada com a possibilidade de
que isso não me fosse permitido. Me sentia culpada, culpada por ter
hipotireoidismo (!!!!), culpada por estar gorda, culpada por não saber se o que
a médica estava dizendo era verdadeiro ou não, se era baseado em evidências
científicas ou apenas mais um protocolo. Culpada por não ter lido os sinais...
Eu sentia que minha bebê não nasceria antes do dia 20...
eu sentia que ela ficaria mais um pouquinho ali dentro, e até aquele dia isso
estava muito tranquilo para mim. Então comecei a pedir que ela nascesse...
comecei a conversar com ela e dizer que estávamos prontos para que ela
chegasse, que ela poderia sair que ali fora também seria muito gostoso com
mamãe e papai, vovós e vovôs, que eu cuidaria de tudo para que ela ficasse bem
e feliz. Intensifiquei os exercícios de yoga, pulava na bola todo dia, muitas vezes
por dia.
Conversei com uma amiga, militante da humanização do
parto, e pedi socorro. Senti que ela achou estranha a fala da minha médica, mas
foi super cuidadosa em não questionar minha decisão de ficar com ela (àquela
altura, eu não tinha forças para encarar tudo e todos e trocar de equipe...).
Ela então me indicou uma acupunturista, especializada em gestantes, que poderia
me ajudar a estimular o início do TP. Na segunda liguei e agendei para a terça
feira, pois não tinha horário antes. Minha mãe chegou, vindo do interior, pois
ficaria comigo nos primeiros 15 dias. Na terça fomos à consulta com a
acupunturista, eu, minha mãe e meu marido. Fiquei uma hora com ela.
Conversamos, ela fez mocha bustão e acupuntura, me deu um floral, e indicou que
eu tomasse um chá de ervas chinesas. Fomos até a Liberdade comprar o tal chá,
que só tinha por encomenda, e só ficou pronto no dia seguinte. Tomei 3 litros
do tal chá, conforme a recomendação. Pedia o tempo todo para minha bebê nascer.
Mas nem sinal... Zé e minha mãe me acompanharam e me apoiaram em tudo, ainda
que achassem um tanto maluco tudo aquilo (3 litros de chá chinês?? Oi??
Rsrsrs).
Dia 20 de outubro de 2011: acordei super cedo, bem
disposta, com as malas prontas e rumamos para o Hospital e Maternidade São
Luiz. Eu tinha visitado o hospital para conhecer a maternidade há umas duas
semanas, então sabia como proceder. Depois das milhares de papeladas assinadas,
passei na triagem com a enfermagem – uma enfermeira doce e acolhedora (ufa!) – e fomos para a sala de pré-parto
para a indução. Sob orientação da médica (por carta), introduziram a medicação
na vagina. Isso seria feito a cada 6 horas, para estimular o início do TP. Me
alimentei, assisti a TV, caminhei, caminhei, pulei muito na bola, tomei banho
quente, cantei... Introduziram o segundo comprimido, e a enfermeira disse que
retiraria o tampão para estimular mais. Doeu. Bastante. Mas não tinha problema,
faria o que fosse preciso para não precisar da cirurgia. Mal sabia eu que o que
era preciso era sair correndo dali, e só voltar quando minha bebê quisesse
mesmo nascer...
Ao longo do dia, uma das salas Delivery, como chamam as
salas para parto normal, foi utilizada uma ou duas vezes no máximo. Havia
apenas duas dessas, contra mais de uma dezena de centros cirúrgicos, retrato
claro do índice de partos normais ou naturais que aconteciam ali. Eu facilmente
poderia utilizar uma das deliverys, não haveria problema, mas o problema não
era esse...
À noite, eu tinha 1 dedo de dilatação, na verdade, forçado
pela enfermeira. Minha médica chegou. Com cara de compaixão (??), chateada por
eu estar chateada, me dizia para ficar bem, que eu tinha feito tudo que podia,
mas que talvez não fosse possível. “Combinamos” de aguardar mais duas horas.
Quando ela voltou, a situação era a mesma. “Vamos fazer a cesárea? É arriscado
esperar...”, ela me perguntou, como se eu tivesse condição de responder algo
diferente de sim... Sim, eu disse, já que não parecia haver outro jeito. Eu não
sentia que tinha outro jeito, eu não me permiti dizer NÃO, eu não vou para a
cesárea, eu vou esperar minha filha nascer, por mais surreal que tudo aquilo
parecesse, eu não consegui dizer não. Eu permiti que a médica a fizesse nascer
na noite daquele dia 20 de outubro de 2011.
Chorei, mas “me recompus”. Minha filha iria chegar, e isso
era a maior felicidade do mundo. Eu estava pronta para ela. Muito pronta. E
iria ajudá-la a estar pronta para este mundo também, embora um pouco antes do
que ela talvez gostaria. Minha mãe já estava no hospital, meu irmão e cunhada a
caminho. Me despedi da minha mãe, tadinha, aflita lá fora, sem poder estar
comigo, e querendo muito estar, mas apenas um acompanhante poderia ficar. E meu
amor, Zé, passou o dia todo ao meu lado, como passou a gestação toda a meu
lado, me apoiando em tudo, dividindo tudo, vivendo e curtindo tudo. Ele foi
então se paramentar para continuar ao meu lado, agora no centro cirúrgico.
Eu não tinha medo nenhum da cirurgia em si. Já havia
passado por 3 cirurgias, sempre com ótimas recuperações e sem nenhuma
intercorrência. Temia apenas pela bebê, porque não era a hora dela, porque
temia os efeitos da anestesia nela e qualquer outra complicação para ela. Mas
agora já tínhamos “decidido” que seria a hora dela, e foi... Pedi muito a minha
médica que orientasse a enfermagem a levar logo a bebê para o meu quarto, que
não queria ela longe de mim por horas e horas. Quase implorei, e ela fez o que
pedi. Eu não tinha contratado pediatra, embora tenha pesquisado alguns, feito
uma consulta, para evitar algumas intervenções protocolares com a bebê também
(colírio, aspirações, etc.), mas não foi o suficiente de informação ou sei lá
do que para que eu contratasse o pediatra particular. Então, sim, a bebê passou
pelos procedimentos “de rotina” ao nascer...
A equipe era gentil, animada, “cuidadosa”. Fui muito bem
tratada, no que se pode considerar ser bem tratada em uma cirurgia, não fui
amarrada, nem nada parecido. Na hora da anestesia, único momento de dor física,
minha médica segurou minha mão e conversou comigo. Naquele momento chorei de
novo, usando o disfarce da dor física, mas chorei por uma dor na alma, por
estar passando por aquilo que nunca na minha vida havia considerado natural, e
provavelmente por perceber que eu poderia ter evitado estar lá. O Zé pôde
entrar e logo se pôs ao meu lado, me beijou, visivelmente emocionado, ansioso,
lindo. Logo eu não sentia mais nada da cintura para baixo, e não via nada
também...
Não senti minha filha nascer, não da forma como eu
esperava sentir. Senti mexerem em minha barriga, me abrirem, mas tudo muito
adormecido, e um pouco “grotesco” eu diria... . A sensação era: “minha filha
está nascendo, e eu não tenho participação nenhuma nisso”. Tudo isso, esta
frase, dói muito, é como uma tonelada em minha cabeça...E ouvi o Zé narrando a retirada
dela, a médica dizendo como ela era cabeluda, e ele dizendo que estava saindo
uma peruca da minha barriga!! Maria Flor chegou!! Foi nascida por nós, eu e Zé,
que autorizamos a cirurgia (essa foi nossa participação...) e a equipe médica
que conseguimos escolher naquele momento. Era linda! Cabeluda, rosadinha,
bochechuda. Uma bebê linda!! Depois que a beijamos, a olhamos, ela foi passar
pelos procedimentos com o pediatra de plantão, ali dentro mesmo. Teve Apgar
9/10. Enquanto isso eu era costurada pelas médicas, e o Zé acompanhava a bebê e
a mim, se dividindo em seu amor gigante.
Me lembro que logo isso terminou. Eu estava fechada, me
sentia relativamente bem fisicamente, ainda anestesiada, um tanto passada. As
médicas se despediram, avisando que voltariam no dia seguinte para me ver, e eu
agradeci. E então uma enfermeira trouxe Maria Flor para meus braços, ali mesmo
no centro cirúrgico, e perguntou se eu queria amamentar. Agradeci, disse que
sim, e logo a colocamos no peito. A enfermeira me auxiliou, com muito cuidado,
e ficamos ali por uns 30 minutos. Mágicos 30 minutos. Como agradeço por isso...
Depois fui para a sala de recuperação, onde fiquei mais meia hora, e logo subi
ao quarto, onde logo chegaram minha mãe, meu irmão e minha cunhada, junto com o
Zé. Tinham assistido e gravado o banho da bebê e estavam todos emocionados.
Logo ela chegou. Esse pedido tinha sido atendido. Logo Maria Flor estava ali,
nos meus braços novamente, quietinha, adormecida, e eu não tenho mesmo palavras
que descrevam a felicidade daquele momento...
Ficamos duas noites no hospital, junto com nossa bebê,
recebendo amigos e familiares, muito bem vindos. Lidamos com a inconveniência
das enfermeiras noturnas, que insistiam que eu precisava descansar e que seria
melhor levar Maria Flor ao berçário por algumas horas, até que desistiram
quando eu disse que sem ela não descansava nada, e Zé bateu o pé que ela
deveria ficar no quarto conosco, e se precisássemos, pediríamos ajuda. Lidamos
também com uma pediatra infeliz, inadequada, prepotente, que queria inserir
complemento ali mesmo, antes do meu leite descer, porque afinal de contas, eu
não conseguiria mesmo amamentar, pois tinha feito uma cirurgia de redução de
mamas com 18 anos. Tudo isso dito na lata, interrompendo meu jantar, diante das
visitas (que, por sorte, eram meu irmão e minha cunhada). Acho que a coloquei
pra correr de lá, não lembro exatamente, porque tive tanto ódio dela, que
fiquei meio cega! E continuei deixando que Maria Flor sugasse muito, a vontade,
o quanto quisesse, até que meu leite desceu. Ainda que logo eu fosse ficar
sabendo que meu leite não saia na quantidade necessária para ela – por causa da
cirurgia – naquele momento eu precisava tentar e precisava deixar meu leite
descer, ainda mais tendo passado por uma cesárea, o que não contribuía em nada
para que isso acontecesse mais rapidamente...
A chegada em casa nos trouxe tranquilidade e paz.
Estávamos no nosso cantinho, que tínhamos preparado para receber nossa pequena,
e onde nos sentíamos bem. Zé viajou a trabalho no mesmo dia, com o coração
ardendo de angustia por nos deixar, mas ficamos bem, na companhia e sob os
cuidados de minha mãe amada, a avó mais linda e coruja que eu conheço nesse
mundo. Tudo correu muito tranquilo, de dia, de noite, acompanhava o ritmo da
bebê, dormia quando ela dormia, cuidava dela quando acordava a noite,
amamentava, curtia cada barulhinho, cada expressão. Maria Flor foi e é uma bebê
muito tranquila, e acredito que além da personalidade que ela já trouxe
consigo, muito disso tem relação com a forma como foi recebida por mim e pelo
Zé. Eu estava completamente mãe, à disposição, entregue, e nada disso me
causava qualquer sofrimento ou dor. Ficar acordada? Tudo bem. Seios rachados?
Faz parte, a gente cuida. Choro? Estamos aqui para acolher. Não, não acho que
foi tudo simples ou super perfeito. Mas foi como tinha que ser e foi bom
demais, sabe?
Maria Flor tem hoje 8 meses. Nesse tempo, vivo com ela a
maior parte de todos os meus dias. Resolvemos juntos que eu reduziria o ritmo
de trabalho no primeiro ano de vida dela para evitarmos escolinha ou babá, e
estamos lutando para manter assim. Trabalho pouco, quando posso levo ela
comigo, e já virou tradição: todo mundo espera pela Maria Flor nas instituições
em que presto consultoria ou desenvolvo algum trabalho. Contamos com dois
anjinhos, a Val, que trabalha comigo há mais de 10 anos como diarista, e que
acabou virando a babá por algumas horas da Maria Flor nos dois dias da semana
em que está conosco. E a Nil, minha comadre linda (Rafa, seu filho é meu
afilhado amado), que fica com a pequena as sextas-feiras para eu atender no
consultório em Santo André, e cuida dela como se fosse sua bebê. No mais, eu e
Zé nos revezamos, e ela curte muito todo este cuidado.
Tenho vivido intensamente e deliciosamente tudo que
podemos viver juntas. Saímos para passear, visitamos pessoas queridas, vamos ao
cinema, a baby yoga (ela já é veterana!!!), viajamos para a casa dos meus pais,
e agora somos parte do Materna em Canto, um sonho que eu nutri desde muito antes
de pensar em engravidar, e que acabou se tornando possível. Sling+mochila+bebê=
passeio garantido, seja de carro ou de metrô! Me delicio a cada descoberta
dela, curto cada novo balbucio, a carinha de arteira, o jeito como ela explora
tudo ao seu redor. E AMO de paixão quando só o meu colo, e nada mais, a
tranquiliza na hora do soninho ou do chamego gratuito... Eu disse um dia para o
Zé que um dia eu teria um bebê que eu não precisaria entregar a ninguém quando
estivesse chorando ou com sono, mas que seria entregue a mim para ser ninado...
Maria Flor chegou, e nos divertimos ao lembrar dessa fala. Aliás, curtimos
juntos todas estas coisas maravilhosas e as dificuldades também. Zé me faz ver
tudo com ainda mais intensidade, sensibilidade. Percebe as pequenas coisas e
suas belezas. É meu companheiro de vida e um pai pra vida da Maria Flor...
Com tudo isso, essa dor ainda dói aqui dentro. Vivo a
maternidade plenamente, mas não vivi o nascimento da minha filha com esta
plenitude... Nesses 8 meses, me informei ainda mais, passei a defender mais
publicamente os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, a militar pelo
parto humanizado, a buscar mais informação e a compartilhar com amigas
gestantes. Tenho a sensação de que preciso fazer tudo que for possível, tudo
que estiver ao meu alcance para que um dia nenhuma mulher precise mais passar
por uma “desnecesárea”, como hoje eu consigo chamar a cesárea pela qual passei.
Sim, uma cesárea desnecessária, eletiva, que não precisava ter marcado a minha
vida e a da minha filha. Mas eu não consegui lutar contra o sistema, e me
enganei imaginando que estava lutando. Quero que minha filha, se um dia decidir
e puder ser mãe, possa escolher, sendo senhora do próprio corpo...
Hoje entendo que para ter um parto de fato humanizado,
aqui em São Paulo, e no Brasil, a gente tem que estar com um dos 5 ou 6 médicos
realmente humanizados, ou com uma equipe de parteira//obstetriz, ou em uma casa
de parto. Fora isso, tudo é um risco, e tudo pode não ser como se imagina.
Entendo que o empoderamento é longo, árduo, envolve bancar uma série de coisas
diante de pessoas que muitas vezes nos amam, mas não nos compreendem. Entre um
milhão de outras coisas que não cabem aqui...
A Marcha do Parto em Casa, no mês passado, mexeu demais
comigo. Na verdade, toda a mobilização em torno do assunto, que culminou com a
marcha, de que eu não pude participar, mas que divulguei ao máximo e apoio
completamente. O direito de escolher precisa voltar para as mãos das mulheres,
que precisam perceber que apenas acham que escolhem, mas que podem escolher de
fato, desde que lutem muito, e escolham as pessoas certas para estarem ao seu
lado na hora “p”... Eu achei que tinha escolhido. Mas não cuidei da minha
escolha. E, ao mesmo tempo, a gente não deveria ter que cuidar tanto disso, se
nossa cultura não delegasse o cuidado com nossos corpos à medicina, pura e
simplesmente, como se fôssemos incapazes de o fazer. Poder escolher deveria ser
o natural. Fazer uma cesariana não deveria ser escolha, mas necessidade em casos
de real necessidade. Parto normal sem intervenções desnecessárias também
deveriam ser a rotina. As intervenções também são apenas para os casos de
necessidade, nunca deveriam ter se tornado protocolo. Mas se tornaram. E eu caí
no protocolo da cesariana...
Não caí ingenuamente. Não, dizer isso seria simplista e
injusto. Caí por uma série de razões, talvez já apresentadas aqui, mas que
envolvem a minha responsabilidade também. Mas não consigo, ao mesmo tempo,
deixar de me sentir enganada, por ter sido informada do protocolo 5 dias antes
da minha DPP... E ainda preciso me perdoar por isso, por não ter dito não
quando fui “convidada” a desistir e a seguir para o centro cirúrgico. Escrever
tudo isso faz parte desse processo de me perdoar e de entender. Pelo menos,
estou contando com isso...
De verdade, isso não foi um relato de parto, não é mesmo?
Não há relato de parto quando seu bebê nasce de cesárea eletiva, e tenho que
viver com isso. Ninguém quer ler meu relato de parto, porque não há parto a ser
relatado, ponto. O “parto cesárea”, para mim, não é parto. É uma forma
cirúrgica de fazer nascer um bebê, sem nenhuma participação da mãe. E isso,
repito, para mim, não é parto. Então para que escrever 10 páginas (!!!), se o
relato do nascimento da Maria Flor não ocupou mais do que 3 parágrafos?? Não
sei bem responder a isso...
Acho que eu queria dizer que eu não queria um parto normal
porque é legal dizer isso, porque é “in” ou “cool”, ou pra ser natureba, ou
melhor do que ninguém. Mas porque isso estava em mim desde sempre. Desde antes
da militância, desde antes da psicologia, antes do trabalho com educação
social, desde antes de tudo. Isso sempre foi no que acreditei, e foi o que
sonhei. E foi o que não vivi. Assim como minha mãe sofreu uma série de
violências no meu nascimento – ainda que ela não soubesse disso e achasse que
tinha que ser daquele jeito mesmo, porque para ela um parto normal de um bebê
tão grade não tinha como ser diferente -
eu também sofri uma violência, diferente, mas que deixou uma cicatriz
bem clara no meu ventre, e uma obscura na minha alma. Sim, me sinto roubada,
não só pela médica que me operou (e, de verdade, acho mesmo que ela acredita
que fez o melhor por mim), mas por uma cultura que medicaliza e patologiza a
vida, que rouba da mulher (e da humanidade)
o poder de escolher entre nascer e morrer, entre como nascer e como
morrer... Mas isso é assunto “pra mais de metro”, e acho que vou parando por
aqui.
Já li e reli tudo isso mil vezes, e todas as vezes faço
algum acréscimo, alguma alteração, mudo frase, troco palavras... Nunca vai
estar completo, nunca vai dizer tudo. Mas tem o indizível, né? E tem o leitor,
que vai ler como puder ler. Se alguém ler, se chegar até aqui, obrigada por me
acompanhar nesse percurso pequeno de uma parte gigantescamente importante na
minha vida, que não me traduz, mas que conta um pouquinho de mim.
P.S.: E porque as imagens às vezes nos ajudam muito com o
indizível da vida, assim como as poesias...
junho/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário